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Igrejas temem a perseguição de governo caso não retornem as atividades normais, mesmo durante o pico de casos de COVID-19 (foto representativa) Igrejas temem a perseguição de governo caso não retornem as atividades normais, mesmo durante o pico de casos de COVID-19 (foto representativa)

Igrejas na Nicarágua retomam atividades por medo do governo

By Publicado Setembro 05, 2020

Os líderes cristãos temem uma perseguição estatal se não andarem de acordo com os desejos das autoridades locais

Apesar dos epidemiologistas acreditarem que o momento seja de pico da COVID-19 na Nicarágua, a Aliança Evangélica da Nicarágua (AEN) planeja reabrir os locais de culto em poucos dias. Segundo a instituição, 44 pastores filiados morreram por causa do coronavírus, entre 12 de abril e 15 de junho.

De acordo com um líder cristão, que preferiu não se identificar, as igrejas voltariam às atividades por medo da repressão do governo. A Portas Abertas noticiou que o presidente Daniel Ortega negou a presença da COVID-19 no país e obrigou os funcionários públicos a participarem de uma marcha política, chamada de “Amor em tempo de COVID-19”.

Outro pastor disse que outros líderes das igrejas acreditam que o vírus não os atingirá, se mantiverem a oração. Por isso, algumas comunidades cristãs não chegaram a interromper as atividades durante o lockdown.

Sob os olhos do governo

Uma colaboradora local explicou a situação: “A igreja evangélica sempre reagiu de acordo com o que a ditadura propõe, sem desobedecer ou inventar outra coisa. Até mesmo suas declarações públicas são escritas com o máximo cuidado. Alguns pastores concordaram com o presidente Ortega quando disse que primeiro protegeria a economia acima de tudo e não iria impor uma quarentena".

O pastor Jacobo* disse que o medo tem feito com que os líderes religiosos não contrariem as decisões dos governantes. “A igreja evangélica não levanta a voz para denunciar. Nunca o fez antes ou agora durante a pandemia; não se sente com poder para fazê-lo e tem medo de ser atacada”, explica.

No país, se um líder cristão prega sobre injustiça social ou sobre a pandemia da COVID-19 ele pode receber ameaças sutis como essa: “Pastor, sobre o que ouvimos você dizer hoje, deve ter cuidado com as palavras”, exemplifica a colaboradora. Porém, a perseguição aos seguidores de Jesus não é algo causado pela pandemia.

Em outubro de 2019, um jovem líder de uma igreja pentecostal disse que precisavam reavaliar o papel no território. “Vivemos em um país onde há tanta injustiça e é hora da igreja reconsiderar sua posição porque, até hoje, estamos sozinhos nas mãos de Deus. Se manifestarmos desacordo, corremos o risco de sermos penalizados por autoridades governamentais e até mesmo por nossos representantes ou superintendentes na igreja", testemunhou.

Ameaça real do governo

A liderença de Daniel Ortega tem sido dura com as pessoas que discordam da ação dele. Em abril de 2019, o governo foi responsável por 325 mortes. As vítimas marcharam contra a reforma da Previdência Social proposta por Rosario Murillo, esposa de Ortega e vice-presidente da Nicarágua.

No mesmo período, 11 igrejas e 19 líderes cristãos foram atacados pela polícia e por simpatizantes do governo. "Em vez de promover programas de segurança e prevenção, o que o governo tem feito é liderar manifestações e atividades massivas em todo o país", completa a pesquisadora local.

Além disso, o governo proibiu a instalação de centros comunitários que ofereciam informações sobre a COVID-19, na região norte. A iniciativa foi do líder cristão Rolando Alvarez, que manifestou o descontentamento em rede social: “Nós queríamos trabalhar para garantir a saúde de nossa população, mas não nos foi permitido fazer isso”. Ore para que os cristãos locais tenham coragem de obedecer a palavra de Deus, mesmo diante da perseguição governamental.

via Portas Abertas.

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